quarta-feira, 30 de julho de 2008

A Defining Moment


O Afonso vai fazer 9 anos, tinha essa idade quando, todas as terças-feiras, vinha para Lisboa sozinho para levar uma vacina a ver se melhorava da asma que, naqueles dias, me moía bastante o corpo. Vivia perto de Loures e a rotina era sempre a mesma, saia mais cedo das aulas, apanhava o autocarro, saia no campo grande para apanhar o 50 que me deixava em Benfica perto do consultório.
Nesse dia tudo correu normalmente até ao momento em que a minha mãe, que era suposto ir apanhar-me ao consultório, não apareceu. Aquilo fechou e eu fiquei na rua sem dinheiro para voltar para casa e meio perdido em Lisboa.
Na minha cabeça, tinha uma só ideia, eu tinha voltar para casa e a única maneira que tinha para o fazer era andar até lá. O que tinha de andar eram uns bons 20 km, pelo menos, era o fim do inverno e choviscava de vez em quando. Pus-me a caminho.
Os meus pais só deram pela minha falta por volta das 10h da noite, nessa altura já estavam passados comigo porque não tinha aparecido para jantar. Só aí é que a minha mãe se lembrou que era terça e que devia ter-me ido buscar. Enfiaram-se no carro e foram à minha procura, eles e os meus irmãos, vieram por ali fora e encontraram-me perto de Stº António do Cavaleiros passava das 11h.
Ainda me lembro da cara de espanto, e alivio, por me encontrarem ali na beira da estrada a caminho de casa, num lugar improvável.
Não derramei uma única lágrima mas este foi um momento que me moldou de uma forma muito marcada. Quando a minha mãe não apareceu nunca pensei que lhe tivesse acontecido alguma coisa, o meu primeiro pensamento foi que se tinha esquecido de mim e acertei.
Desse dia para a frente ganhei algo, algo que é muitas vezes mais forte do que eu, não interessam as circunstancias, eu ando, eu vou em frente, não me deixo ficar, mesmo quando não é racional EU ANDO, não desisto.
Este foi um dia que me definiu o modo de ser.


Nesse dia também houve mais lições, mas isso fica para outro post.

4 comentários:

Vitória disse...

Muito bem!

A experiência é algo sempre benéfico tanto a prevenir como a remediar.

A minha avó dizia (referência da minha infância) o que não nos mata torna-nos mais fortes.
E eu concordo.

Beijoooo

Joana de Paiva e Pona disse...

É mesmo, nós temos mesmo que andar para a frente!!!

Beijos

Peter Mary disse...

Vita

Sim, fez-me mais forte, o que minha avó dizia era " para a frente é que é o caminho"

Bjs

Peter Mary disse...

Cereja.

Sempre para a frente, para trás é isso mesmo...

Beijos e tudo de bom