terça-feira, 29 de maio de 2012

Life outside the confort zone


Motas são regra geral coisas barulhetas. Não são meros meios de transporte, são objectos de paixão, feitas com paixão, desenvolvidas para andar rapido. Sempre mais rápido. Sempre no fio da navalha.
São seres temperamentais, muito sensiveis, que tanto nos levam longe, a lugares impossiveis, como nos atiram ao chão com a mesma facilidade. Muito femininas.
Com a minha Kawa já atravessei desertos, montanhas, tempestades e calor insuportavel. Ja fiz amigos em lugares muito longe, partilhei cerveja no meio de lado nenhum, colas em lagos secos. Já caí, sem pensar como me iria levantar, passei frio e até fome.
Visto de fora é tudo violento, perigoso, barulhento, visto como bravata e coisa de gente doida.
No entanto, o mais ironico, o mais engraçado, é que é no meio dessa tempestade, e dentro do capaçete que o mundo me parece mais calmo e até silencioso.
Sinto falta da calma e do silencio.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Any given day in the desert



Um dia destes, em Maio, fui para Marrocos. Enfiei a tralha toda no carro e preparei a mota o melhor que pude e sei. Quanto a mim não houve grande tempo para me preparar, com peso a mais (corpo e cabeça) e sem conhecer ninguém meti-me ao caminho.
A prova era um raid de orientação, 2500km de deserto em 7 dias, com outros tantos km para chegar a Agadir, cheguei a dizer que deixei o mapa de Marrocos em casa? Por alturas do algarve apanhei um conhecido/desconhecido, que conheci na net, e lá fomos nós.
Não vou descrever os dias que passei, como me perdi, como que por milagre só dei uma queda, como as paisagens foram todas, de uma forma ou de outra, incriveis e indescritiveis. Como se fazem amigos, mas daqueles amigos à seria. Enfim, como o deserto desafia qualquer ideia que se tenha dele, só lá indo é que se percebe.
Amei e odiei aquilo tudo com muita intensidade, cada km, o calor, o frio, a chuva e o pó. Mal posso esperar pela volta.
Como se passou eu não sei ainda muito bem, ainda penso nisso, mas a verdade é que quem entrou e quem saiu não são a mesma pessoa.
Mas ainda sou eu.