A minha vida teve 15 anos dela, muitos passeios a pé pela praia, pela estrada, pela vida fora. Acompanhou-me em 4 casas e em todas as mudanças dignas desse nome que tive na minha vida. O fim do curso, o casamento, o nascimento de 3 filhos... e em todas as coisas boas e más que a vida tem.
Dormimos no mar, em cima da neve, fomos ao algarve e aos Açores e tantos outros lugares. Mas o que gostava mais era de a ver à porta de casa quando chegava tarde. Livre, nunca esteve presa, foi o unico husky que alguma vez conheci que não andava de trela na rua.
Fez, como o Buck do “Call of the wild”, o caminho de cão de apartamento para a liberdade. Neste ultimo inverno, já muito velha, recusava-se a dormir em casa. Era o unico cão que o podia fazer lá em casa e no entanto não queria. Gania e não se calava até ir para a rua, onde chovia torrecialmente, para se aninhar num qualquer canto em cima da erva. É assim que a vou recordar.
Domingo quando a levei ao vet acredito que percebeu, estava muito calma, nada daquela agitação de quando ia ao veterinário, nada da luta para se levantar e não conseguir.
Ficou no jardim no local onde irá nascer um lindo platano.
Nessa noite horrivel nenhum dos outros cães ladrou, nunca, mas mesmo nunca, aconteceu, a noite toda sem abrirem a boca.
Ela foi um sonho e dizer que vou ter saudades não chega nem perto daquilo que sinto.